Clube de Desporto e Recreio de Moimenta da Beira: 65 anos
O Clube de Desporto e Recreio tem sido desde sempre o clube mais representativo do concelho. Sem menosprezo de outras colectividades da região, no seu seio floresceram atletas de qualidade reconhecida a nível nacional. A sua história, como todas as organizações desportivas, é feita de altos e baixos, e não é pelo facto de no presente ano ter descido de divisão que não se deve reconhecer o seu meritório trabalho cultural e recreativo em prol dos moimentenses e relembrar todos aqueles que desde a fundação deram o seu contributo, o seu esforço, a sua dedicação a essa causa: o desporto. Parabéns ao CDR!
Sempre se jogou futebol em Moimenta da Beira. Porém, quando o clube passou a encarar o desporto futebolístico com mais seriedade foi necessário criar outras condições para a sua prática, nomeadamente a construção de um complexo desportivo, o qual veio a localizar-se no sítio do matão. Sabe-se que em 22 de Dezembro de 1960, como referia o número 118 do jornal Correio Beirão, estava quase concluído esse campo, graças à colaboração da empresa Luso-Dana. Esta empresa tinha a cargo o aproveitamento hidro-eléctrico do Rio Távora, pelo que foi aproveitada a sua presença e trabalho no concelho para o desbravamento da difícil estrutura física do Matão, sobretudo a remoção dos enormes rochedos que obstruíam o terreno. Um compressor abriu os furos necessários com recurso a pessoal especializado da mencionada empresa. O plano incial do CDR e da Câmara Municipal englobava a construção de outros campos e ainda balneários.
O presidente do clube era à época Manuel Gomes de Matos que encontrou como colaborador activo Eduardo Requeijo Alves. A população moimentense não poderá também ser esquecida porquanto foram autores de um apreciável labor na tarefa de retirar várias toneladas de pedra que vieram a ser empregues na edificação dos balneários. No que concerne ao serviço inicial de terraplanagem, ele foi executado com um caterpillar alugado a uma empresa particular. Nestes anos 60, por este e outros trabalhos de desobstrução, tinham-se já gasto 20 contos.
Para inaugurar o novo espaço desportivo realizou-se no dia 22 de Janeiro de 1961 um jogo de futebol no campo do Matão que opôs à equipa do CDR a formação do Armamar. Empolgados com o novo espaço, os atletas da casa venceram por 3-1. Diria a imprensa da época, reiteradamente rejubilando com o recém criado complexo: começou a funcionar o Campo do Matão. Parece que se acertou agora com um local definitivo para o Campo de Desportos. E aquele lugar, o da Pedra do Brinco de tempos idos agora que a Pedra foi desfeita, deixou de ser refúgio de crianças e passou a ser centro vitalizador de jovens. E assim, vai crescendo Moimenta. O Desporto é um óptimo processo de aperfeiçoamento cristão. O que é preciso é que ele não fique reservado a uma dúzia de jogadores, que haja muito quem jogue que faça ginástica, que nunca o campo se encontre sozinho. O grande campo abre perspectivas largas e novas aos jovens cristãos de Moimenta. Ali poderemos viver horas de evolução e amizade, lutando e vencendo sem ferir, sem magoar, sem insultar… Ali lutaremos para vencer, para ser mais fortes e mais amigos em Cristo. Por isso, honra e Glória seja prestada a todos quantos trabalharam pelo campo do Matão.
Em Abril o CDR aceitaria colaborar com os mordomos das festividades em honra do padroeiro da vila. A comissão de festas promoveu um desafio de futebol no Campo do Matão com o fito de juntar os sempre escassos tostões para suportar as despesas das celebrações joaninas. O saldo final cifrou-se em 700 escudos, valor que mostra bem a aderência e envolvência massiva das gentes de Moimenta neste evento. Diriam os mordomos à comunicação social: apraz-nos citar e agradecer as facilidades dadas com alegria e boa disposição sem reticências, o que facilitou a colaboração dos jogadores de Moimenta para o maior brilho das festas joaninas. O desafio opôs os atletas do CDR à equipa de Lamego. Da comissão de Festas faziam parte José Cunha Salgueiro; Valentim Salgueiro Augusto; José Fernandes Soares e António Duarte Pereira.
Eram outros tempos. Tempos em que as gentes do interior beirão dispunham de poucas actividades de recreio e lazer, o que naturalmente explica a sua grande envolvência nas escassas actividades que iam aparecendo. A afluência ao Matão foi de tal ordem que até o director do Jornal Correio Beirão, o saudoso padre Bento, aproveitaria para vincar o bairrismo dos seus paroquianos, asseverando o seguinte: verificou-se a nota curiosa de algumas pessoas que não vão à igreja, que se dizem descrentes; mas, embora tenham chegado quase no fim do desafio, quiseram espontaneamente pagar o seu bilhete atendendo a que o dinheiro era para as festas de S. João.
O CDR foi trilhando o seu caminho e em 1967 ascendeu à 1.ª divisão distrital onde tem quase sempre militado. Não podendo aí militar na próxima época desportiva não duvido que estará para breve o seu regresso ao escalão mais alto do futebol distrital.
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